Não “somos”... “estamos”! Abandone adjetivos e rótulos!
Se auto rotular é fazer com que você e todos os seus sentimentos, competências, qualidades, ações e defeitos te definam por completo com base em momentos ou características que surgiram em algumas fases da vida.
Quando tive a ideia de criar a empresa BLEEV, muito do foco dessa missão de vida estava ligado ao tabu de se falar e se pensar na morte! Juro que sempre tive dificuldade em entender isso. Afinal, essa é uma das únicas certezas que temos na vida, mas ninguém fala sobre ela e, além disso, ainda terceirizam o momento para outras pessoas.
Mas além dessa certeza da morte, há uma outra também tão certa e garantida quanto:
Se corremos o risco de morrer, é porque AINDA ESTAMOS VIVOS!
No texto anterior do blog, falei um pouco para vocês sobre o sentimento do medo e o quanto ele pode nos paralisar (clique aqui se quiser conferir este artigo). Esse texto de hoje está amplamente ligado ao anterior, mas de uma forma mais ampla. E para te fazer refletir sobre o tema, antes gostaria de lhe fazer uma pergunta:
Quais adjetivos e rótulos você impregnou na sua alma e anda por aí repetindo como um mantra? Leia as frases abaixo e me diga: quantas delas você já se ouvir repetindo por aí?
“Não sou corajosa, tenho medo de enfrentar algumas situações da vida!”
“Tenho dificuldades para me relacionar, sou uma pessoa difícil!”
“Não tenho criatividade, sou ruim em trabalhos desse tipo, nunca tive jeito!”
“Sou desorganizada, não consigo controlar minhas tarefas, sempre fui assim!”
“Tenho dificuldade em focar nas coisas, deve ser alguma síndrome!”
Pare e pense: você certamente tem algum rótulo ou adjetivo preso a sua alma, como se isso fosse um estado permanente do seu eu. E pior: geralmente somos nós mesmos que repetimos isso como um mantra, seja em conversas casuais com amigos e familiares, seja no dia a dia profissional. É como se esses adjetivos virassem uma muleta, um apoio para situações que temos medo de enfrentar.
Mas de onde vem isso? Por que ficamos condicionados a levar nossa vida presos a esses aspectos, mesmo sendo às vezes tão evoluídos e amadurecidos?
A resposta não é nada simples, mas acredito que a grande base disso tudo vem lá da infância, para ‘não variar’!
Segundo alguns especialistas, rotular uma criança, seja com elogios, seja com críticas, é um caminho perigosíssimo para impactar o seu futuro negativamente.
Para neuropsicólogos infantis, certos comportamentos de uma criança não podem, em hipótese alguma, estabelecer quem é essa criança, como é sua personalidade. Isso simplesmente pelo fato de que um comportamento é um estado, um momento, é algo pontual. Não é, de modo algum, a definição da criança.
Você já ouviu falar sobre Profecia autorrealizadora? Eu também nunca tinha ouvido falar nisso… e pesquisando um pouco para escrever esse artigo, aprendi o quão perigosa é essa definição tão bonitinha no nome mas sem vergonha no seu objetivo: profecia autorrealizadora é um prognóstico que, ao se transformar em crença, acaba se confirmando e se cumprindo.
Para exemplificar isso, um artigo do site “Viva Bem” relata uma experiência que comprovou essa teoria: uma famosa pesquisa pioneira realizada em 1968 por psicólogos norte-americanos. A dupla selecionou crianças da mesma idade e com o mesmo nível intelectual e as separou em duas turmas, que seriam orientadas por duas professoras. Uma delas foi informada de que os alunos tinham um QI altíssimo e que, portanto, deveriam ser estimulados e desafiados. A outra, por sua vez, recebeu a instrução de que as crianças tinham dificuldade de aprendizagem e inteligência abaixo da média. Então, não podiam ser pressionadas nem cobradas demais. Alguns meses depois, veio o resultado: a classe estimulada atingiu níveis acima da expectativa; a outra, nem chegou onde deveria chegar.
Você então foi ouvindo e coletando vários adjetivos, desde à infância até a vida adulta, e aquilo vai fazendo parte de você como se fosse um estado permanente do seu eu. E é aí que me pergunto? Como podemos ter toda a nossa essência reduzida a poucos adjetivos, se não somos nesse mundo, e sim, estamos?!
Você pode estar desorganizada agora, mas e se mudar isso com atitudes inovadoras? Você pode ter tido medo em algum momento da sua vida, mas e agora, como encara isso?
Somos todos seres em profunda evolução, a cada nova fase de nossas vidas! Isso você queira, ou não! E é um desperdício tremendo nos basearmos na frase “Nasci assim e vou morrer assim” num mundo tão cíclico como esse nosso!
Se auto rotular é fazer com que você e todos os seus sentimentos, competências, qualidades, ações e defeitos te definam por completo com base em momentos ou características que surgiram em algumas fases da vida.
Te parece correto isso?
Acho que não, né?!
Aí volto à frase inicial desse artigo de hoje: uma das duas certezas que temos hoje é que ESTAMOS VIVOS! Ou seja, tudo pode ser feito, tudo pode ser transformado, você pode evoluir, pelo simples fato de ESTAR VIVO!
Quer mudar? Quer abandonar os rótulos e adjetivos que veio coletando desde o início da vida? Aí vão então algumas dicas:
- Defina quais adjetivos e rótulos deseja abandonar pois travam seu planos de vida: antes de começar a mudar, é importante saber exatamente o que você deseja mudar e por quê. Tente ser específico e realista ao definir seus objetivos.
- Seja observador de si próprio: aprender a se conhecer e a refletir sobre o dia a dia, saindo do piloto automático, é crucial nessa fase. Quando se pegar falando os mantras sou isso, sou aquilo, pare e pense no que está repetindo. E mude o discurso. Como diz sempre minha mãe: as palavras e pensamentos têm poderes. Mude-os se quiser mudar o curso da vida.
- Seja paciente e persistente: evoluir leva tempo e paciência. Não desanime se você não alcançar seus objetivos imediatamente. Continue avançando, mesmo se os resultados não forem imediatos, e lembre-se de celebrar suas vitórias, por menores que sejam.
- Converse regularmente com seus amigos: as conversas casuais e sobre temas importantes de sua vida são inputs importantíssimos para identificar esses rótulos e se policiar na hora de se auto rotular. Às vezes, o simples fato de se ouvir enquanto fala já te traz um sinal de alerta.
- Procure saber sempre suas origens: conversar com pai, mãe e irmãos pode te trazer informações importantíssimas sobre quem você é na essência. Às vezes você pode achar que tem medo de tudo, e ao ouvir histórias de infância, terá a grata surpresa de se descobrir um grande desbravador do mundo lá atrás, na sua origem como ser humano.
- Faça terapia: ajuda profissional te possibilita desbravar novos horizontes, e o principal: te ajuda a ir retirando os entulhos que vão ficando ao longo do curso do rio da vida. Nosso rio começa fluído e límpido na infância… mas ao longo da nossa trajetória, vamos acumulando tanto lixo, que na fase adulta isso pode estar obstruindo tudo e o seu rio, o seu fluir, pode ser totalmente impactado. Tenha como meta terminar sua existência com um rio fluído e transparente! Esse é meu grande objetivo de vida… se eu terminar minha existência assim, tudo, absolutamente tudo, terá valido a pena!
Lembre-se, transformar sua vida é um processo contínuo e é importante ser paciente e gentil consigo mesmo. Com dedicação e perseverança, você pode alcançar seus objetivos e levar uma vida mais plena e satisfatória.
Estar vivo é muito mais do que estar andando e se movimentando por aí: estar vivo é ter seus sonhos e objetivos vivos dentro de você! Deixar qualquer sonho seu de lado por se considerar indigno deles é o maior desperdício que podemos praticar em vida, pois cada um de nós é único, e cada um de nossos sonhos também é único! Não desperdice-os! Mude, mude o que for preciso para realizar todos os seus sonhos! O mundo merece que você faça isso!