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Os que amamos nunca morrem – Capítulo IV

Chega o momento da despedida...

Domingo, 03/08/2008… ficamos no velório das 6h às 11h.

Ly (minha irmã) e Me (minha mãe) fizeram a oração. Foi lindo o momento!

Meu sobrinho Dan chorou quando viu o avô. O tempo todo ele me olhava e falava: “Tia Guga, ainda não estou acreditando que o vovô se foi! Me fala que é um sonho?!” E a gente se abraçava muito.

Minha sobrinha Dudinha queria ficar fazendo carinho e cócegas no vovô. Ela só caiu em si quando rezou a oração final do velório. E então chorou, com a inocência de uma criança que ainda achava ser possível mudar aquela situação.

E então um amigo da minha mãe resolveu rezar o terço. Na hora achei chato, não gostava de rezar o terço. Mas digo que foi o momento de oração mais intenso de toda a minha vida. Celinho (amigo da minha mãe) dizia coisas que eram impossíveis dele saber:

– filhos deveriam buscar dentro deles a resposta, ao invés de pedir milagres de visões (um de nós pedia sinais de que ele estava bem, pois não conseguia ter fé suficiente para acreditar nisso, precisava de um sinal);

– ao final da vida, Sérgio já falava com os olhos (entendi que era um recado para minha irmã Si, que deu o “Sim” para ele partir, sem ele ter pedido nada com as palavras);

– falou sobre passarinhos (conversa que tive com ele na 6ª feira);

– Jú, um dos meus irmãos, conseguiu visualizar meu pai pulando ondas na praia… era o desejo dele, quando conversou comigo.

Eram muitos sinais… foi lindo! Todos se emocionaram.

No domingo, o velório estava cheio de gente… foi emocionante ver! Amigos de São Paulo que foram para a despedida; lembro de um amigo dele que foi sozinho, Luiz, e que eu vi a um determinado momento olhando para o Sé, se despedindo, com lágrimas nos olhos, enquanto ficava em pé encostado numa coluna do salão. Parecia que eu conseguia ouvir a conversa entre eles.

O grupo Bom Odori de taiko, de Atibaia, foi em massa também. Fiquei feliz imaginando como Sé estava alegre e orgulhoso vendo tudo aquilo.

No enterro, lembro de todos pegarem seus carros e irem buzinando até o cemitério. Não parecia enterro… parecia uma comemoração de vida, tudo muito surreal!

E então, na hora de carregar o caixão, fiquei com tristeza de pensar no Jú e Serginho, meus irmãos mais novos, carregando, tão pequenininhos pra mim (para sempre serão meus irmãozinhos caçulas). E aí ouvi alguém falando: “Eu também quero ajudar a carregar. Pra mim será uma honra!” E foi então que pensei: que dó que nada, que tristeza que nada… eu olhava para Jú, Serginho, os que ali ajudavam, e todos estavam com o peito estufado, se sentindo importantes de estarem lá naquele momento. Foi lindo demais! Inesquecível!  Meu pai, nosso herói, deve ter ficado com um baita orgulho desse momento!

Ninguém chorou de se desesperar… todos estavam unidos num único sentimento de fé, de alegria por ver um cara tão sensacional, agora livre da depressão que o assolou nos últimos meses de vida! Era como se meu pai estivesse ali, presente, consolando cada um de nós, enquanto se sentia feliz, livre, desperto para o sempre, e não mais só para o agora, algo passageiro!

Sei que é estranho de ouvir ou ler isso, mas posso afirmar com toda a verdade da minha alma:

Foi o velório mais lindo que já vivi!

Para conferir o capítulo anterior a este, que trata dos últimos momentos de nossa vivência juntos nesse mundo, clique em https://blog.bleev.online/artigos-bleev/os-que-amamos-nunca-morrem-capitulo-iii/

O capítulo V e final desta história de vida tratará dos momentos pós velório, como nosso primeiro jantar em família sem a presença física do nosso querido Sé. Não percam!!!

 

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